sábado, 1 de dezembro de 2012

O mercado que interfere na formação profissional


Há uma tendência nacional de se cobrar das universidades brasileiras a “formação para o mercado”. Particularmente, não entendo que seja este o papel da universidade. Penso que universidade não é escola técnica (com todo respeito ao trabalho desenvolvido pelas escolas técnicas), portanto, não tem com finalidade precípua formação para o mercado, e sim, para a vida em sociedade, para o exercício pleno da cidadania. Enquanto uma escola técnica tem por finalidade a formação tecnicista, voltada precipuamente para o fazer, na universidade a formação deveria ser humanística, ampla, capaz de não focar apenas no fazer, mas, no pensar o fazer. Há que se registrar, também, que em algumas profissões, o ente denominado mercado destrói,quase por completo, a formação na universidade. Veja-se o caso do jornalismo, por exemplo, principalmente em Manaus. À parte as deficiências laboratoriais, principalmente da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), há um problema maior que a simples “formação técnica”: a falta de estudantes para o desenvolvimento das atividades de pesquisa e extensão. Grande parte deles e delas (estudantes) consegue algum tipo de “colocação no mercado”, muitas vezes travestidas de estágio, quando não no primeiro período, no máximo, no segundo período do curso. Com a queda da exigência do diploma, as empresas passam a recrutar os futuros profissionais para os ditos estágios, até mesmo ao comprovarem o ingresso na universidade. Quando isso ocorre, os estudantes passam a priorizar o “futuro emprego” e começam as dificuldades de participação até nas atividades de ensino. Quando se envolvem com atividades de extensão e de pesquisa, além das de ensino, retardam a entrada no “mercado de trabalho”. Porém, terminam por prejudicar os projetos de pesquisa e de extensão pela alta rotatividade. Como este ente chamado mercado, por mais que finja valorizar o pensar, contentam-se com o mero fazer, muitas vezes sem nenhuma qualidade, o processo de formação profissional fica prejudicado e se passa a centrar toda a “culpa” pela má-formação dos estudantes nas universidades. A eterna dicotomia entre formação técnica e formação humanística só será vencida com a permanência dos estudantes nas universidades, a desenvolver as chamadas atividades complementares, além das atividades de pesquisa e extensão. Sem vivenciar a própria universidade, o processo de formação profissional torna-se ainda mais capenga. O mesmo mercado que afaga, apedreja. E transfere para as universidades o ônus da formação, mas, quer ficar com todos os bônus. É nossa obrigação refletirmos sobre o problema e encontrarmos novas formas de caminhar.

Se você ainda não leu a “Carta aberta ao secretário Sérgio Mendonça”, cliquei aqui, leia e replique. Todos precisamos refletir sobre o problema. Juntos!

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Um comentário:

  1. Olá,
    gostaria de saber qual o turno de aulas do curso de Arquitetura e Urbanismo e de Engenharia Civil.
    Desde já obrigada.

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