Há uma tendência nacional de se
cobrar das universidades brasileiras a “formação para o mercado”.
Particularmente, não entendo que seja este o papel da universidade. Penso que
universidade não é escola técnica (com todo respeito ao trabalho desenvolvido
pelas escolas técnicas), portanto, não tem com finalidade precípua formação
para o mercado, e sim, para a vida em sociedade, para o exercício pleno da
cidadania. Enquanto uma escola técnica tem por finalidade a formação
tecnicista, voltada precipuamente para o fazer, na universidade a formação
deveria ser humanística, ampla, capaz de não focar apenas no fazer, mas, no
pensar o fazer. Há que se registrar, também, que em algumas profissões, o ente
denominado mercado destrói,quase por completo, a formação na universidade.
Veja-se o caso do jornalismo, por exemplo, principalmente em Manaus. À parte as
deficiências laboratoriais, principalmente da Universidade Federal do Amazonas
(Ufam), há um problema maior que a simples “formação técnica”: a falta de
estudantes para o desenvolvimento das atividades de pesquisa e extensão. Grande
parte deles e delas (estudantes) consegue algum tipo de “colocação no mercado”,
muitas vezes travestidas de estágio, quando não no primeiro período, no máximo,
no segundo período do curso. Com a queda da exigência do diploma, as empresas
passam a recrutar os futuros profissionais para os ditos estágios, até mesmo ao
comprovarem o ingresso na universidade. Quando isso ocorre, os estudantes
passam a priorizar o “futuro emprego” e começam as dificuldades de participação
até nas atividades de ensino. Quando se envolvem com atividades de extensão e
de pesquisa, além das de ensino, retardam a entrada no “mercado de trabalho”.
Porém, terminam por prejudicar os projetos de pesquisa e de extensão pela alta
rotatividade. Como este ente chamado mercado, por mais que finja valorizar o
pensar, contentam-se com o mero fazer, muitas vezes sem nenhuma qualidade, o
processo de formação profissional fica prejudicado e se passa a centrar toda a “culpa”
pela má-formação dos estudantes nas universidades. A eterna dicotomia entre
formação técnica e formação humanística só será vencida com a permanência dos
estudantes nas universidades, a desenvolver as chamadas atividades
complementares, além das atividades de pesquisa e extensão. Sem vivenciar a
própria universidade, o processo de formação profissional torna-se ainda mais
capenga. O mesmo mercado que afaga, apedreja. E transfere para as universidades
o ônus da formação, mas, quer ficar com todos os bônus. É nossa obrigação refletirmos
sobre o problema e encontrarmos novas formas de caminhar.
Se você ainda não leu a “Carta aberta ao secretário Sérgio Mendonça”, cliquei
aqui, leia e replique. Todos precisamos refletir sobre o problema. Juntos!
Visite
também o Blog Gilson Monteiro Em Toques
e o novo Blog do Gilson Monteiro. Ou
encontre-me no www.linkedin.com e no www.facebook.com/GilsonMonteiro.
Olá,
ResponderExcluirgostaria de saber qual o turno de aulas do curso de Arquitetura e Urbanismo e de Engenharia Civil.
Desde já obrigada.