Às vezes me pego a tentar
entender o funcionamento da universidade, sua relação com a sociedade e a
tentativa de se aprisionar o saber, ou melhor, os saberes. E chego a me
questionar: o conhecimento tem dono ou é do mundo, está disponível no universo
e cabe a nós construir o nosso quinhão finito dessa vastidão infinita de
saberes? Será que se trata de uma pergunta que tenha resposta? Talvez seja
necessário, em primeiro lugar, tentar definir, afinal, o que é o conhecimento.
Particularmente, penso que o acúmulo de perícia e técnica, temperada com uma
visão crítica de mundo, é capaz de nos dá experiência. O conhecimento,
portanto, seria o acúmulo, ao longo do tempo, dessa experiência, que, passo a
passo, se transforma em sabedoria. No mundo do trabalho atual, da concorrência
constante e desenfreada promovida pelo capital, há espaços para os sábios ou,
no máximo, o domínio da técnica é essencial? Eis o dilema da esfinge da
universidade no mundo inteiro. Tomemos como exemplo o curso de jornalismo. Quem
fica tecnicamente mais preparado? Quem passa quatro anos e meio em uma redação
de jornal, por exemplo, ou em um curso e jornalismo de uma universidade
brasileira? Com as péssimas condições de trabalho, a falta de infraestrutura
laboratorial, de pessoal técnico de apoio e, inclusive, de professores, não
tenho nenhuma dúvida em afirmar que, atualmente, se a questão for centrada
única e exclusivamente em “fazer jornal”, quem passa quatro anos e meio dentro
de uma redação tem infinitamente mais chances de “aprender a fazer” do que quem
passa o mesmo período em um curso de jornalismo. É impossível, ainda mais se
for o caso de uma universidade pública, se acompanhar o avanço tecnológico.
Acontece, porém, que, a me ver, o papel da universidade não é formar meros
técnicos. Precisa fazer com que as pessoas entendam as relações entre ela (a
pessoa), o ambiente, as outras pessoas, o universo e a vida. Não só dos
humanos, mas, de todos os seres vivos. Exatamente porque, a cada dia, aumenta a
minha convicção de que não há “donos” dos saberes, portanto, do conhecimento. O
que se faz, e a universidade não pode apenas servir a isso, é organizar
categorias profissionais, verdadeiros guetos, de “donos do saber e da técnica”
em determinadas áreas do conhecimento e, pasmem, determinadas disciplinas. É
como se fosse possível dividir o mundo em “castas de saberes” e cada uma dessas
castas estabelecerem suas regras e suas formas de “prospectar” o conhecimento.
Com isso, tentam disciplinar o processo de aquisição de conhecimentos pelos
seres vivos, especialmente os seres humanos. Vivemos, assim, em uma sociedade
de castas, formadas pelas categorias
profissionais. Tal modelo precisa ser repensado.
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