O desempenho pífio de grande
parte das faculdades e universidades brasileiras demonstrado por meio do Índice
Geral de Cursos (IGC) talvez seja o “empurrão” que faltava para que o Ministério
da Educação (MEC) promova uma espécie de intervenção que começaria com mudanças
radicais no Ensino Médio. Pela proposta do MEC, que desde 2009 foi incentivada
em caráter experimental, as atuais 13 disciplinas obrigatórias (História,
Geografia, Filosofia, Sociologia, Química, Física, Biologia, Inglês, Artes,
Espanhol, Língua Portuguesa, Educação Física e Matemática) passariam a ser
agrupadas em quatro grandes áreas, seguindo a denominação já usada no Exame
Nacional do Ensino Médio (Enem): ciências humanas, ciências da natureza,
linguagem e matemática. Desde que Edgar Morin propôs o que denominou “religação
dos saberes”, ou seja, a implosão das “gavetas” denominadas disciplinas, não se
faz uma proposta tão arrojada e ousada para a Educação brasileira. Certamente,
as pressões dos “donos das gavetas do saber” reagirão com muito mais força. Não
é à toa que desde 2009 a proposta patinha, por ter sido indicada como
experimental, e não sai do papel. Em agosto deste ano, ao anunciar que a
mudança ocorreria, o Ministro da Educação, Aloizio Mercadante, garantiu que até
o final do ano a proposta seria fechada e enviada ao Conselho Nacional de
Educação (CNE) para que, após ser discutida, fosse transformada em uma diretriz
para o Ensino Médio no País. A mudança, se oficializada, certamente criará
condições para que, finalmente, a Educação Superior também comece a rediscutir
o processo de formação atual e, mais que isso, uma completa reestruturação administrativa.
Imaginemos quão moderna seria a universidade que topasse ter apenas quatro
grandes institutos? De Ciências Humanas,
Ciências da Natureza, Linguagem e Matemática? Em cada um desses quatros
instituto seriam distribuídas as faculdades, compostas por cursos cujas afinidades
sejam didático-pedagógicas e não afinidades pessoais ou política dos
professores (e professoras) que os compõem? Qualquer reforma administrativa que
não tenha como princípio basilar uma reflexão sobre esse agrupamento proposto
pelo Ministério da Educação será baseada em interesses individuais ou
corporativistas. É fundamental que mudanças administrativas tenham como
princípio da discussão a “religação dos saberes” e não os interesses
particulares dos membros da comunidade acadêmica, principalmente. Centrar as discussões
na relação de poder dentro dos conselhos superiores das instituições é equívoco
dos mais graves e que não será perdoado pela história.
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