quarta-feira, 19 de setembro de 2012

As consultas Qualis A nas universidades brasileiras


A política produtivista que o Governo Federal tenta nos impingir, ou melhor, agravar com o Projeto de Lei 4.368/2012 não é algo gestado apenas nos gabinetes de Brasília. Encontra eco, e muito, entre os nossos colegas professores, que, em verdade, consideram-se pesquisadores, porém, não trabalhadores da Educação Superior. Essas pessoas fazem parte daquela elite de intelectuais que, inclusive, deve ter o maior preconceito em relação a Luiz Inácio Lula da Silva e ao Palhaço Tiririca, considerado por jornalistas como um dos melhores deputados federais do País. Essa comparação com Lula e Tiririca é para dizer que o despenho político-administrativo de uma pessoa na depende do dito “mérito acadêmico”. Portanto, soa esdrúxula, antidemocrática e pedante a ideia que esses “Pesquisadores Qualis A” começam a defender e tentar espalhar pelas universidades públicas do País inteiro: de que a escolha para o cargo de reitor seja feita tendo como critério o número de artigos publicados pelo candidato em “Revistas Qualis A”. Trata-se de uma proposta excludente e que revela a intenção política desses pesquisadores: formar uma nova casta dominante dentro das universidades brasileiras. Por isso, não é à-toa que estejam contentes com a nova carreira proposta pelo Governo Federal com barreira quase intransponível para a ascensão ao nível de professor titular. Os que fazem parte dessa turma, certamente, começarão a defender que a escolha para os próximos reitores (ou reitoras) seja feita no regime de 70% de peso para os professores, 15% para os técnicos e 15% para os estudantes, “como manda a lei”. Na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), porém, conquistamos primeiro o direito de escolha por meio de “consulta à comunidade” com o uso do voto paritário. Em duas consultas participei dessa luta democrática, inclusive como candidato. Trata-se de uma conquista da qual não abrirei mão. Lutarei, conjuntamente com os colegas professores, técnicos e estudantes para que o processo, se não avançar para o voto universal, que se mantenha pelo menos a paridade. Da mesma forma, não perfilarei ao lado daqueles que defendem as “eleições Qualis A”. Seria uma incoerência tamanha participar de uma greve de 120 dias que defende uma carreira igualitária, com oportunidade de ascensão na carreira para todos os professores e,em seguida, defender que a escolha dos reitores seja baseada nos mesmos critérios produtivistas usados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Não esperem incoerência política da minha parte pois não a terão. Jamais participarei novamente de uma escolha para reitor cuja regra sejam os 70%, 15%, 15%, muito menos nas quais sejam usados os critérios “Qualis A” ainda que tenha as credenciais para tal. Defenderei os princípios democráticos nos quais acredito, muito embora já não creia tanto nesse modelo de democracia burguesa, não apenas por meio de palavras. Atos também demonstram nossas crenças.

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