quarta-feira, 5 de setembro de 2012

"Não há saída honrosa da greve"


Ontem, na Assembleia realizada a partir das 15h, dos professores e professoras em greve da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), no Auditório da Associação dos Docentes da Ufam (Adua-SS), aprendi uma coisa: há sim, diferença substancial, ainda que seja para inglês ver, entre saída de greve e suspensão unificada da greve. Para mim, não passa de tucanar o termo saída, ou, como diria o personagem das histórias em quadrinho Leão da Montanha, “saída pela direita”. Não passa de balela e puro eufemismo esse discurso de que ganhamos algo. A saída da greve agora é a mais humilhante e acachapante derrota da luta sindical dos últimos anos da história deste País, como diria Luiz Inácio Lula da Silva. Concretamente, o que ganhamos? N. A. D. A. Sairemos da greve fingindo que “suspensão unificada” é algo diferente de “saída” como forma de esconder a nossa incapacidade de indignação e revolta contra um processo escabroso de “negociação” levado a efeito por um governo dito dos trabalhadores, que, no entanto, é, totalitário e intransigente. Seremos obrigados a sair da greve pior do que entramos? Com um plano de carreira indigno e que solapa nossos direitos adquiridos? Na Assembleia de ontem aprendi que “suspensão da greve” não é a mesma coisa que saída. Mais ainda: aprendi que não existe saída honrosa para esta greve, na situação em que chegamos. Quer dizer que lutar, fazer valer suas convicções e manter o movimento não é honrado? Penso diferentemente da maioria dos colegas. Sair agora da greve com “uma mão na frente e a outra atrás” é humilhante e vergonhoso. Levar uma categoria a entrar em greve e protagonizar a maior e mais relevante greve de professores e professoras da história deste País e depois recuar como cordeiro amestrado é mais indigno que permanecer no movimento. Sou do time que defende a luta até o fim, mesmo que sejamos derrotados na guerra. Se os meus colegas estão corretos de que “não há saída honrosa” para greve, sair dela agora é assumir publicamente nosso fracasso e nossa humilhante derrota. Isso não o farei! Morrerei na luta! Posso até me submeter ao desejo da maioria e voltar humilhado ao trabalho. Só não assumirei que este é o melhor caminho. No dia 31 de agosto de 2012, o Governo mandou ao Congresso o PL 4.372/2012 que cria o Instituto Nacional de Supervisão e Avaliação da Educação Superior (INSAES). Não duvido que essa seja a entidade a nos avaliar e supervisionar daqui para a frente. Certamente, será dirigida por muitos dos componentes da Federação-fantasma que forjou o acordo com o governo. Morro a lutar e a defender a continuidade da greve. É a minha honra! Ainda que digam não existir honra numa hora dessas. Prefiro continuar firme na luta a assumir publicamente a desonra de sair de uma greve pior do que entrei!

Se você ainda não leu a “Carta aberta ao secretário Sérgio Mendonça”, cliquei aqui, leia e replique. Todos precisamos refletir sobre o problema. Juntos!

Visite também o Blog Gilson Monteiro Em Toques e o novo Blog do Gilson Monteiro. Ou encontre-me no www.linkedin.com e no www.facebook.com/GilsonMonteiro.

Um comentário:

Participe! Comente! Seu comentário é fundamental para fazermos um Blog participativo e que reflita o pensamento crítico, autônomo livre da Universidade Federal do Amazonas.