segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

A sedução dos pares: o grave equívoco de muitos doutores


Um dos maiores equívocos cometidos por grande parte dos doutores brasileiros, principalmente os que atuam em regiões menos desenvolvidas como a Amazônia, por exemplo, é o que convencionei chamar, nesta postagem de "a sedução dos pares". Embevecidos pelos critérios de extrema produtividade dos programas de Pós-graduação que os formam, doutoras e doutoras voltam para a Instituição de origem completamente esquecidos de algo basilar: sem cursos de graduação fortes, não se alimentam os cursos de pós-graduação. A sedução dos pares, portanto, é essa viseira que os impede de ver que há vida além da pós, dos artigos, dos capítulos de livros ou livros e dos critérios "Qualis qualquer coisa". Em alguns mais afoitos, a sedução dos pares, às vezes, os faz até exigir nem passar perto das salas de aula de graduação: só conseguem viver para o outro doutor ou a outra doutora. É um tipo de equívoco que gera uma cadeia de mediocridade que termina por desaguar nos próprios cursos de Pós-graduação que, como ocorre atualmente, encontram enormes dificuldades para selecionar candidatos. A continuar essa prática de abandonar os primeiros períodos dos cursos de graduação, a própria Pós-graduação brasileira pode morrer por inanição. É salutar para a Pós-graduação a pesquisa, os projetos, as descobertas. Não se pode, porém, ao voltar de um curso de Mestrado ou Doutorado, esquecer que o mundo ao nosso redor, principalmente na Universidade Federal do Amazonas (Ufam) tem como matéria prima a graduação. Já ouvi de alguns doutores que, agora, a Ufam tem de se preocupar com a Pós-graduação e deixar que as particulares cuidem da graduação. Isso é um erro estratégico sem precedentes. Inclusive, porque, nos últimos, anos, tem sido essa a política pública para o setor. Dos Governos de Fernando Henrique Cardoso, passando pelos Governos de Luiz Inácio Lula da Silva e, agora, nos primeiros anos do Governo Dilma Rousseff. Aliás, com um pouquinho de acuidade, se pode perceber que a tal "sedução dos pares" recebe, por meio de editais e recursos das agências de fomento, incentivos constantes. Somos empurrados a participar dessa "corrida maluca" por verbas, incentivos e prêmios e não percebemos que os cursos de graduação, Brasil afora, padecem e tendem a fenecer. É nossa responsabilidade, quaisquer que sejam os nossos títulos, desarmar essa bomba-relógio, antes que sejamos todos mortos pela mesma doença: a que só nos deixa enxergar o próprio umbigo.

Se você ainda não leu a “Carta aberta ao secretário Sérgio Mendonça”, cliquei aqui, leia e replique. Todos precisamos refletir sobre o problema. Juntos!

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