quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Os equívocos da EAD na Educação Superior


Não tenho nenhum tipo de preconceito quanto ao uso das Mídias Digitais em sala de aula. No Programa de Mídias Digitais da Universidade Federal do Amazonas (ECOEM/UFAM), inclusive, eu e o professor Danilo Egle passamos a experimentar o Facebook como auxiliar ao processo de aprendizagem durante este semestre. Ao final, publicaremos um artigo sobre a experiência. Há, no País, porém, tanto por parte do Ministério da Educação, na ânsia de aumentar suas estatísticas, quanto nas Instituições particulares, na ânsia do lucro pelo lucro, um equívoco dos mais graves: considerar que a Educação a Distância (EAD) solucionará os problemas da Educação Superior brasileira. Não o fará! Pode, ao máximo, funcionar como uma excelente "fábrica de diplomas", porém, os formados tendem a não ter o mesmo nível dos formados presencialmente, como todos os problemas estruturais enfrentados pelas universidades públicas brasileiras. E digo o porquê! Na EAD, o comprometimento e a responsabilidade do estudante precisam ser dobradas. Mais dedicação, mais estudo, mais leitura! Atualmente, nem na sala presencial se consegue o comprometimento e a "entrega" da totalidade da turma. O que se dirá de uma turma de 300 estudantes, à distância, mediados por tutores? Outra premissa essencial para que a EAD dê certo? A capacidade de leitura, interpretação de textos e de escrita. Não se precisa ser nenhum gênio para saber que os estudantes de EAD ou são trabalhadores que não possuem tempo para estudar na "escola" tradicional ou nela não conseguiram ingressar. Por terem ficado pelo meio do caminho nos processos seletivos bem mais refinados que os utilizados para a "formação das turmas" em EAD. Resultado: nem se precisa ir muito longe para concluir que estudantes com esses perfis possuem pouca possibilidade de realizar uma monografia, à distância, com qualidade razoável. Como consequência de tudo isso, o que se tem hoje no Brasil é um mercado de venda de "teses e dissertações", inclusive pela Internet, que não para de crescer. Por conta da hipocrisia coletiva que reina, ninguém quer discutir, com profundidade, o problema. Ao fim das contas, nos mais longínquos rincões do País, há um exército de portadores de diploma de nível superior, analfabetos funcionais, a engrossar as estatísticas positivas do MEC e das Instituições particulares. E nós, tranquilamente, encostamos a cabeça no travesseiro e fingimos que não temos nada com isso! Bem! Confesso que sinto um pouco de vergonha e toparia rediscutir todo o processo. Quem aceita?!

Se você ainda não leu a “Carta aberta ao secretário Sérgio Mendonça”, cliquei aqui, leia e replique. Todos precisamos refletir sobre o problema. Juntos!

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