quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

A tragédia da irresponsabilidade jornalística


Não posso deixar de me indignar com a irresponsabilidade (para não dizer vilania) da mídia de Manaus. Também, fico a me perguntar: o jornalismo, em algum momento, será Ciência? Caso siga o que foi posto em prática no episódio que envolveu parte da família Belota, dúvidas não as tenho: jamais será Ciência. Muito menos um bom conjunto de técnicas. Se não, vejamos! A primeira versão sobre o que provocou a chacina da família, incluso o cachorro, foram "dívidas de jogo". Um vizinho, "que não quis se identificar", disse ao repórter de um dos jornais da cidade, imediatamente publicado na versão para a WEB, que uma das vítimas, que agora se sabe, o pai do acusado, "chegava muito tarde e era viciado em jogo". Indicadores do pior erro do jornalismo: a prática da "verdade" baseada em declarações. Como o morto "trabalhava com embarcações", ouvi versões, embora não-publicadas, de que poderia ser envolvimento com o "tráfico de drogas". Associação reforçada pela confirmação por parte do principal acusado, o filho do homem morto, de que é "usuário de drogas". Não demorou e os jornais publicaram, nas versões online, a versão de que o fato de um primo asfixiar a prima e depois degolá-la, matar o cachorro de estimação da família com a coleira, degolá-lo e, em seguida, pendurá-lo na parede como se fosse um quadro, para, em seguida, matar a tia, bem como descolar-se até a casa do pai e, também, degolá-lo, tinha sido em função de "ser vítima, na própria família", de preconceito pelo fato de ser homossexual. A última das versões que os jornais carimbaram como verdadeira foi: a motivação da chacina era a grana, uma herança, proveniente da venda de alguns barcos por parte do pai do principal acusado. Não contentes, baseados em sabe-se lá o quê, os jornais divulgaram que o avô do acusado, quando soube da tragédia "morrera enfartado". Fato: o avô está vivo. Houvesse um Código de Ética minimamente respeitado, todos os que divulgaram essas versões deveriam ser punidos. A tragédia da irresponsabilidade jornalística é tão, ou mais violenta e grave, que o ato praticado pelo acusado. Quem pratica crimes em série como as foram as especulações divulgadas, não precisa passar por um curso superior. E se o fez, a Instituição que os aprovou deveria cassar o diploma. Esse tipo de prática do jornalismo é condenável e deplorável para a sociedade. Oremos!

Se você ainda não leu a “Carta aberta ao secretário Sérgio Mendonça”, cliquei aqui, leia e replique. Todos precisamos refletir sobre o problema. Juntos!

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