domingo, 17 de março de 2013

O problema das políticas públicas nas universidades


Não sei se trata de ingenuidade ou uma visão extremamente equivocada da realidade, mas, os burocratas de Brasília, ao lançarem uma política pública, parecem imaginar que a adesão será ampla, total e irrestrita em todas as universidades públicas brasileiras. Promover a inclusão de pretos, índios e estudantes oriundos nas escolas públicas nas universidades brasileiras não é algo que se consiga apenas por decreto. A reação negativa enfrentada pela política de cotas nas universidades brasileiras não parte apenas dos estudantes, que se consideram prejudicados, mas também, de parte dos professores e professoras. Há, inclusive, uma reação silenciosa, porém, manifesta por meio de políticos e de pessoas ligadas à mídia, das escolas particulares. Isso porque, na visão dos empresários dos negócios educacionais, ao limitar o ingresso de estudantes das articulares nas universidades públicas, o Governo ataca o filão desses empresários prestadores de serviços educacionais, representado, nas universidades, pelas mesmas pessoas que reagem ferozmente em relação as estudantes cotistas. Aparentemente os técnicos do Governo Federal não perceberam que se trata de um problema muito mais complexo, portanto, mais grave, do que se nos apresenta. Inegavelmente, uma política de ações afirmativas é essencial nas universidades brasileiras. Ao que parece, no entanto, não se pode resumir meramente à abertura de vagas, por meio de cotas, levando-se em conta apenas o local de formação (a escola) e a cor da pele. Deverasmente mais complexo, o problema tem inúmeras angulações que foram deixadas de lado e, agora, estouram nas mãos dos reitores (e reitoras) como uma bomba de efeito retardado. Como bem-frisou a Reitora licenciada da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Márcia Perales Mendes Silva, não se pode permitir que haja uma divisão entre cotistas e não cotistas. Esse será o maior desafio dos gestores das universidades brasileiras: não deixar que se crie essa espécie de apartheid acadêmico.

Se você ainda não leu a “Carta aberta ao secretário Sérgio Mendonça”, cliquei aqui, leia e replique. Todos precisamos refletir sobre o problema. Juntos!

Visite também o Blog Gilson Monteiro Em Toques e o novo Blog do Gilson Monteiro. Ou encontre-me no www.linkedin.com e no www.facebook.com/GilsonMonteiro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Participe! Comente! Seu comentário é fundamental para fazermos um Blog participativo e que reflita o pensamento crítico, autônomo livre da Universidade Federal do Amazonas.