quinta-feira, 4 de junho de 2015

A nossa mente periférica

Sou de um tempo, entrei na Universidade Federal do Amazonas (UFAM) em março de 1993, em que se acusava o Governo Federal de querer segregar as universidades entre as “de excelência” e as “de periferia”. Desde então, combato o que chamo, até hoje, de “Complexo de Porto de Lenha”: nas relações, Manaus se autoflagela como se ainda fosse aquela província a sonhar ser Liverpool. Nosso complexo de subserviência ao que vem de fora parece ser hereditário: passar de geração para geração. E quando um conceito, como o de periferia, parece ter sido superado, é trazido de volta como se estivesse introjetado na nossa mente periférica coletiva. E sempre interpretamos “periferia” com a carga preconceituosa que o termo carrega quando é visto pelo olhar do urbanismo, conforme o Dicionário Michaelis online: “região distante do centro urbano, com pouca ou nenhuma estrutura e serviços urbanos, onde vive a população de baixa renda”. Por aproximação, passamos a nos julgar uma universidade de periferia, ou seja, “com pouca ou nenhuma estrutura de serviços”. Em se tratando de universidade, o “nosso maior patrimônio” são as pessoas, suas mentes, seus servidores, seus professores, seus cientistas. E, em termos de mentes, o que nos diferencia não é a localização geográfica, mas, a capacidade de fazer ciência. Por isso, combato veementemente essa segregação, que existe mais na nossa mente coletiva. Nasci no Acre, sou professor na UFAM, no Amazonas, mas faço ciência para o mundo. Sou do mundo e não considero o meu local de trabalho periferia, muito menos o meu local de nascimento. Na Anatomia, periferia significa “superfície externa do corpo ou de um órgão.” A periferia existe sim, neste sentido anatômico de limite, ou seja, de mente limitada e periférica.


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