domingo, 21 de junho de 2015

O mito do pênis ereto

A sociedade brasileira é, no conjunto, machista, preconceituosa e reacionária. Minha convicção se confirmou no recente episódio no qual o jornalista Ricardo Boechat, no ar (em uma cadeia de rádio), mandou, literalmente, o pastor Silas Malafaia, “procurar uma rola”. De imediato, o áudio ganhou as redes sociais e se transformou em top trend da rede e das discussões Brasil afora. Boechat ganhou cores de herói nacional. Fiquei a me perguntar o porquê de tanta excitação. Seria pela rola, usada como sinônimo de pênis, e ereto, porque um pênis mole, na mente coletiva, jamais seria uma rola, ou por ter desancado publicamente uma figura tão abominável quanto Malafaia? Talvez, pelas duas coisas. Porém, o que mais deve ter provocado a excitação coletiva tenha sido a expressão “procurar rola”. Quer ofender um macho, um machista assumido, manda-o “procurar rola”. O imaginário coletivo vibra até com o significado real do passado. Vejamos, por exemplo, o que é uma rola roxa: “Mede 17 centímetros de comprimento e pesa 47 gramas.” Dá vontade até de gritar “Uuuiiiiiii, pluma”. Machismo e preconceito se juntam na mesma expressão. “Procurar rola” é expressão que fere de morte o macho, por se entender que quem gosta de “procurar rola” às escondidas é um macho que não assume a homossexualidade. Cabe a nós, nas universidades, lutarmos para, aos poucos, banir expressões que tenha o mesmo cunho: “vá tomar no cu, seu filho da puta” e coisas do gênero, condenam, antecipadamente o sexo anal, o oral e até a mais antiga das profissões. Quem ganha a vida com o sexo é porque tem clientes ávidos. Respeitemos! Quem gosta de sexo oral que o pratique. Respeitemos! E quem adora sexo anal, que também o pratique sem restrição de gênero. Respeitemos! Na sociedade machista na qual vivemos, damos vivas ao pênis ereto e condenamos os clitóris excitados. Sejamos mais honestos com o que praticamos na intimidade e paremos de condenar a prática sexual dos indivíduos. Um dia, “procurar rola” ocupará o lugar que deve estar: o de uma decisão individual, independente do gênero e da forma com que for procurada. É hipócrita esta posição machista, preconceituosa e reacionária que assumimos publicamente. Pense nisso!


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