quarta-feira, 6 de junho de 2012

A hipocrisia de Estado desnudada na greve dos professores


“Nunca, na história deste País” houve Governo que, efetivamente, elegesse a Educação, em todos os níveis, como prioridade estratégica de Estado. E a greve dos professores das Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes) bem que poderia mostrar definitivamente que o Rei (Estado brasileiro) está nu e revelar a efetiva falta de compromisso de todos os governos com a Educação em todos os níveis. Tomemos como exemplo do que chamo de “hipocrisia de Estado” a escolha e a remuneração de um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Como são escolhidos esses ministros? Qual o grau de instrução deles exigido? A suprema corte do País é escolhida por indicação da Presidência da República com base mais em critérios subjetivos que objetivos. No mais das vezes, são pessoas que, ao olhar do governante (será que a presidente Dilma Roussef também gosta de ser chamada de governanta?) de plantão, criarão pouco (ou quase nenhum) problema para ele (o governante). Nós, os professores (e professoras) somos submetidos a um concurso público de provas e títulos. Ao ingressarmos na carreira, normalmente, para chegar ao topo, temos de obter o título de doutor (ou até pós-doutor). Os ministros do STF, quando muito, são graduados. De nós, os professores, o Estado exige o mérito. Deles, os ministros do STF, responsáveis pela guarda da Constituição Federal, exige-se, no máximo, boas relações com o poder ou com quem ele ocupar. Basta compararmos o indicar ingresso na carreira, combinado com o indicador titulação, para deixarmos o “rei”, Estado brasileiro, apenas co as peças íntimas. Mas, se avançarmos nessa comparação e incluirmos mais um indicador de comparação, os salários, o “rei hipócrita” fica inteiramente nu. Se não, vejamos! Um ministro do STF, no primeiro mês de indicado, ingressa na “carreira”com um salário de R$ 26,7 mil por mês. É o teto do Serviço Público Federal, ou seja, o máximo que um servidor federal pode receber. Um professor, no entanto, terá de trabalhar tem três possibilidades de ingressar na carreira, se for de 20h, o salário é de R$ 557,51; de 40h receberá R$ 1.115,02 e com Dedicação Exclusiva (DE) o salário é R$ 1.728,30. Depois de 32 anos ininterruptos de trabalho, se houver vaga e for aprovado em novo concurso público, chega ao topo da carreira: transforma-se em Titular. A tabela de 2009 da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) revela os números: 20h, o salário é de R$ 1.003,50; 40h, R$ 2.007,00 e com DE, o salário é R$ 3.110,85. É hipócrita um governo trata um ministro do STF com um peso e os professores com outro em todas essas questões que aqui levantamos. Será que a sociedade brasileira sabe disso. É hora de revelar que o rei está nu. O Sindicato Nacional (Andes-SN) deve abrir as contas de todos nós professores, mostrar, claramente, que o discurso do Estado brasileiro em relação a nós é hipócrita. Lutamos por uma carreira para ter uma remuneração digna depois dos 70 anos, quando somos compulsoriamente aposentados. Iludir-se com bolsas, projetos e consultorias durante os anos de trabalho é cair na armadilha que nos foi posta pelos sucessos governos republicanos. É hora de resgatarmos de vez a dignidade que nos foi usurpada ao longo dos anos. Parar todas as universidades talvez seja a única forma de o Governo Central entender que não aceitamos mais o engodo da concorrência entre pares para o financiamento de projetos e das Ifes.

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