sábado, 2 de junho de 2012

A Ufam que pulsa e as armadilhas na greve


A greve dos professores da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), deflagrada no dia 17 de maio de 2012, já tem uma vitória incontestável: fez com que a extrema direita desse o ar da graça, embora membros dela tenham ido, em peso, à reunião do Conselho Universitário (Consuni) e declarado, microfones à mão, que se submeteriam à vontade da maioria. Claramente, hoje há uma divisão entre os que defendem uma carreira, para uma universidade pública e de qualidade, e aqueles que defendem que a universidade seja apenas uma marca, uma espécie de Nike da Educação e que seus professores (e professoras) tenham “fontes alternativas de renda”. Oras, isso mostra, de novo, que a Ufam pulsa, vive. Só há um problema nisso tudo: enquanto a parte que defende a universidade pública com uma carreira digna para seus membros discute, troca ideias e até se estressa publicamente, nas assembleias; a outra tchurma prefere, em público, fingir que se submete às decisões da maioria, porém, na calada da noite e à custa de pressões e assédio moral inaceitável aos colegas professores e estudantes e à aqueles que não aderem às ideias deles. Detratam os grevistas, dizem que são vagabundos, que não teem competência para “buscar fontes alternativas de renda” e que não irão se submeter às decisões de “um conselhozinho de ...”. Assim se referem, à boca pequena (sem mostrar a cara, é claro) à decisão tomada pelo Consuni da Ufam. Usam desse tipo de armadilha para tentar nos provocar. Já percebemos isso. Não aceitaremos essas provocações de quem, paradoxalmente, considera correto, por exemplo, que o professor quebre a dedicação exclusiva, faça bico em instituições particulares e em “consultorias” que, no fundo, são práticas eticamente reprováveis. Fico feliz si, com o Centro Acadêmico de Direito (CAD) que assumiu a postura contra a greve, foi à Justiça Federal contra a reitora da Ufam, professora Márcia Perales Mendes e Silva em função da decisão do Consuni de suspender o calendário acadêmico desde o dia 17 de maio de 2012 até que a greve seja encerrada. Na democracia é assim: não éramos tolos de pensar que todos seriam a favor da greve. Há os que são contra, e isso tem de ser respeitado. Como, por exemplo, os que apocrifamente colaram cartazes na porta das salas-de-aula do curso de Direito (veja a foto). Sou a favor da greve e assumo publicamente minha posição em qualquer lugar, inclusive na camiseta que visto. Seria tão saudável se os que são contra também mostrassem a cara e debatessem como verdadeiros membros da comunidade universitária e não como covardes provocadores!

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5 comentários:

  1. Bom dia, meu nome é Manrique Maciel e sou membro do CAD, e transcrevo, o texto do Sr. Willian Fonseca (presidente do CAD), a seu pedido (pelo número de caracteres ser de no máximo 4.096, dividi em duas partes):

    parte 1 de 2
    "Histórico - Há 200 anos, na França, mas precisamente na Praça dos Gravetos “Place de Greve”, daí o nome “greve” membros do operariado de uma fábrica local se reuniam para tratar de seus direitos, debatiam melhores condições de trabalho, dentre outros assuntos. Na origem, pressionavam um patrão, burguês capitalista, para que lhe cedessem os objetivos de seus pleitos. Em face da diminuição da produção, o patrão sentia-se compelido a atender, ou pelo menos transacionar algumas reivindicações para que a sua produção voltasse ao normal, pois o mesmo sentia o reflexo do movimento operário em seu bolso. No setor público, e aqui as Universidades Federais se enquadram, a lógica é diferente. No caso da greve das Federais todos sofrem, mas o verdadeiro sacrifício, e aqui é fato inconteste, sem dúvida quem sofre é o aluno. Filosófico – foi dito que a greve é um fato, e disso ninguém discorda, Nietzsche dizia que não existem fatos, apenas interpretações, como no exemplo de dois artistas chamados a pintar determinada paisagem, certamente que cada qual pintará o que vê, da forma que interpreta, por obvio serão pinturas distintas, mas as duas refletirão a realidade dos fatos, pelo menos para eles. Esse exemplo é lúcido se o transplantarmos para nossa realidade contextual e fática do movimento grevista. As posições são divergentes, não quanto aos aspectos teleológicos, aos fins que se buscam, mas quanto aos meios empregados.

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  2. parte 2 de 2

    "Político – Ser politizado ou não ser? Eis a questão... Aqui interessante é procurarmos entender o que significa ser politizado. Sem muitas divagações trago à ribalta o pensamento Aristotélico que diz ser o homem um animal social e político por natureza. Na própria leitura de “A Política”, depreendemos que a comunidade política se forma da própria tendência que as pessoas têm de se agruparem. Em se agrupando, pelo menos no Brasil, faz-se necessário estabelecermos a forma de organização, que em um Estado Democrático de Direito é a Constituição Federal, que também é chamada de Carta Política, se você está em sociedade e segue a Constituição inegavelmente é politizado. Jurídico – A Constituição Federal ao assegurar o direito de greve não anulou o direito ao trabalho, nem muito menos o direito à liberdade de expressão e manifestação da vontade. Ninguém pode ser compelido a participar e nem de associar-se a qualquer tipo de manifestação. A decisão do CONSUNI em suspender o calendário acadêmico é inconstitucional, pois toliu o direito ao trabalho dos professores que não aderiram ao movimento paredista. Decisão esta que tenta modificar a própria realidade, pois foi um fato que alunos assistiram aulas e fizeram provas após o dia 17 de maio, essa deturpação do real tem um nome, que inclusive já foi objeto de “chacota” nesse blog, é esquizofrenia. Representante – Gostaria de dizer também que falo em nome da maioria dos alunos da Faculdade de Direito, reconheço que existem alunos que tiveram e estão tendo um posicionamento completamente divergente, e estão no direito deles, como também houve professores que aderiram à greve também é um direito deles. Tenho minhas opiniões pessoais acerca de tudo isso que está acontecendo, mas jamais deixarei minhas convicções suplantarem a vontade da maioria dos alunos que me elegeram, pois aí, eu estaria sendo ilegítimo. No mais, o Centro Acadêmico de Direito da Universidade Federal do Amazonas está aberto ao diálogo e a discussão, desde que seja como preconizado por “Habermas”, através do consenso, da dialética e da argumentação. Peço perdão se alguém se manifestou em nome do CAD anteriormente e assevero que foi uma posição equivocada e individualizada. O nosso projeto de Direito e Cidadania vai continuar, mesmo quando essa greve acabar e os objetivos dela forem atingidos ou não, vamos continuar... A greve poderá dar uma vitória passageira, oriunda do governo constituído, mas a solução definitiva para nosso problema de salários, carreiras e educação, começa na consciência do povo, na hora do voto.


    José Willian Siqueira da Fonseca
    Presidente do CAD"

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    1. Caro José Willian, obrigado pela participação. Assim se constrói a Democracia: cada um do seu lado a defender suas convicções.

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  3. A única coisa que o comando de greve quer é candidatar alguns dos seus membros ou simpatizantes para vereador nas próximas eleições por algum dos partidos "vermelhos", já percebi isso desde sempre.

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  4. Queria saber como poderíamos entrar na justiça contra o governo para obtermos uma indenização para cada aluno por dia parado de greve?
    Não quero questionar a legitimidade de greve pode até ser legitimo, mas o governo não ta nem ai , e vejo como uma forma de pressionar o governo a negociar mais rapidamente , pois empresas privadas só negociam pelo prejuízo financeiro assim também creio eu que a administração publica rapidinho iria procurar chegar num acordo e por um fim nessas greves que só prejudicam de fato a nos estudantes fazem greve prejudicam nosso cronograma pessoal alem de prejuízos materiais trabalho no terceiro turno e pra mim é ate desumando um ano com três periodos ,somos obrigados a se virar nos 30 segundos como se fosse um período normal .

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