sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Entradas, acompanhamento e saídas na Educação

Apenas facilitar a entrada nas escolas, em todos os níveis, não resolve o problema da Educação brasileira. Em se tratando de Educação Superior, mais ainda. Pois o que se tem hoje é um processo extremamente rigoroso na entrada, nenhum tipo de preocupação com o acompanhamento de quem entra, com o processo de aquisição de habilidades e um frouxo controle nas saídas. E é exatamente por este rigor excessivo nas entradas que são necessárias políticas afirmativas para as minorias. Para que se possa corrigir o processo e fazer justiça é necessário criar mecanismos que igualem as oportunidades a fim de que a justiça seja feita. A política que quotas paras minorias, portanto, não é apenas necessária, é fundamental, para que se promova a inclusão social. E promover a inclusão é sim, um dever a universidade pública brasileira. Mas, uma política efetiva de ações afirmativas não pode se reduzir apenas às reservas de vagas, às quotas. É essencial que haja uma previsão de acompanhamento diferenciado para os quotistas a fim que não sejam tratados com preconceito e sofram durante o tempo de permanência nos cursos. Porque se isso acontecer, correr o risco de passarem a fazer parte das estatísticas de retenção ou abandono. É nosso dever, portanto, corrigir as injustiças na entrada mas tratarmos, com urgência, de promover um acompanhamento efetivo dos estudantes que ingressas nas universidades. E não apenas dos quotistas, mas de todos os ingressantes. Há um problema gravíssimo na Educação Superior brasileira. De cada 100 que ingressam, formamos 44 nas universidades públicas e 37 nas universidades privadas. No Norte, este número é ainda pior: fica nos 30 formados. A necessidade das quotas, portanto, nos parece derivada de um processo pedagógico ineficaz que mais retém ou expulsa do que forma. Temos, portanto, um desafio crucial: aumentar o número e a qualidade dos que saem (das saídas) para que se comece um círculo virtuoso e não um círculo vicioso como o atual, que só alimenta as desigualdades. Sonho com o dia em que a necessidade de quotas não exista. Que as pessoas sejam bem-formadas independentemente da raça, da cor ou do gênero. Quando este tempo chegar, discutir quotas não fará mais parte da pauta. Espero que não demore tanto!


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